Numa semana em que se falou muito de previsões económicas, sempre motivo para as mais apaixonadas discussões, vale a pena não perder de vista aquilo que é mais importante: os resultados. Enquanto as atenções se viravam para outro lado, foram conhecidos três novos dados que, por serem objetivos, não suscitam tanta polémica e, por serem positivos, não despertam tanta atenção.

Em primeiro lugar, Portugal obteve o juro mais baixo de sempre (abaixo dos 2%) na emissão de dívida pública a dez anos. Num momento em que o BCE reduz a sua política expansionista, este é um sinal inequívoco de confiança dos mercados no futuro da economia portuguesa.

Em segundo lugar, o INE divulgou novos dados sobre a evolução do mercado de trabalho, agora referentes ao terceiro trimestre. E são, mais uma vez, impressionantes: a taxa de desemprego, que a Direita tinha deixado em 12,2% (quarto trimestre de 2015), caiu para 8,5%; o número de desempregados, que a Direita deixou em 633 mil, caiu para 444 mil (menos 187 mil) e, em menos de dois anos, o número de pessoas com emprego aumentou em 242 mil (!) - um êxito sem precedentes.

Em terceiro lugar, o INE revelou dados igualmente importantes sobre os fluxos migratórios: em 2016, por comparação com o último ano do Governo PSD/CDS, houve uma redução de 5,2% no fluxo de emigração permanente (por período superior a um ano) e de 3,2% na emigração temporária (inferior a um ano). O que estes números nos dizem é simples: a dinâmica de criação de emprego conseguida pela política económica do Governo está, finalmente, a estancar o dramático êxodo migratório de jovens e trabalhadores induzido - e incentivado - pela estratégia de empobrecimento da Direita.

À luz desta realidade indesmentível, compreende-se que a Comissão Europeia tenha precisado de rever em forte alta as perspetivas de crescimento da economia portuguesa para este ano, a ponto de concordar agora com a estimativa do Governo: 2,6% (bem acima do crescimento médio previsto para a Zona Euro, que não vai além dos 2,2%). Junte-se-lhe o facto de a Comissão ter também aceitado a previsão do Governo para a meta do défice no ano em curso (1,4%) e já se percebe porque é que as tradicionais divergências nas previsões para o ano seguinte desta vez se resumem a algumas décimas e são expressas em tom invulgarmente moderado. A verdade é que a Comissão já sabe o que a casa gasta: foi à força de resultados que desmentiram anteriores previsões da Comissão que o Governo de António Costa conquistou uma credibilidade digna de respeito. E o respeitinho é muito bonito.

 

Artigo publicado no Jornal de Notícias