Duas das principais agências de notação financeira - primeiro a Fitch, agora também a Moody"s - anunciaram recentemente decisões que são de enorme importância para Portugal e para o futuro da nossa economia. Na verdade, ambas as agências melhoraram - de "estável" para "positivo" - o chamado "outlook" do "rating" atribuído à dívida pública portuguesa. E todos os analistas esperam que também a agência Standard & Poor"s acompanhe este movimento já na sua próxima avaliação. O que estas decisões sinalizam, é simples: se tudo correr como previsto, em breve todas as principais agências de "rating" deverão elevar o "rating" de Portugal da categoria de "lixo" para a categoria de "investimento", ou seja, passarão a recomendar o investimento na nossa dívida pública. É caso para dizer: já não era sem tempo!

Naturalmente, esta súbita convergência das agências de "rating" no reconhecimento da evolução positiva da situação de Portugal não acontece por acaso e tem uma explicação clara: é imposta pela evidência dos bons resultados da política económica e orçamental do Governo. De facto, foi à força desses bons resultados que o Governo logrou superar todas as desconfianças iniciais e obter até um reconhecimento externo que o Governo da Direita prometeu, mas jamais conseguiu alcançar.

A verdade é que os resultados são de tal forma expressivos que não podem ser ignorados, nem mesmo pelos mais céticos. Com efeito, conhecidos os dados oficiais do segundo trimestre, o quadro económico que Portugal apresenta é este: a economia cresce a um ritmo de 2,9%, como não se via há 17 anos, forçando todas as instituições a reverem em alta as suas previsões (já se fala num crescimento médio de 2,5% este ano); o investimento aumentou 9,3%, as exportações subiram 8,2%, a procura interna cresceu 2,7% e o consumo privado aumentou 2,1% - em suma, todos os motores estão a puxar pela economia portuguesa. Consequentemente, desde que mudou o Governo (cfr. números mensais do INE de novembro de 2015 e de julho de 2017), foram criados em Portugal 192 mil empregos (!), levando a uma redução muito significativa da taxa de desemprego para os 8,8%. Por seu turno, na frente da consolidação das contas públicas, o défice diminuiu para 2%, cumprindo as metas europeias e tornando-se o mais baixo da história da democracia portuguesa, e a dívida pública vai finalmente baixar já este ano - como todas as instituições reconhecem, sendo que a Moody"s invoca ainda a melhoria da própria estrutura da dívida pública como argumento para justificar a evolução positiva da perspetiva do "rating" que atribui a Portugal. Junte-se a tudo isto o vasto conjunto de intervenções que reforçaram a estabilidade do sistema financeiro e já se vê que as agências de "rating" não podiam continuar por muito mais tempo de costas voltadas para a realidade.

Depois de ter virado a "página da austeridade", o Governo, à força de resultados, prepara-se para virar também a "página do rating". Oxalá tenha sucesso.

 

Artigo publicado no Jornal de Notícias