Conhecidos os resultados, já só não vê quem não quer: o forte crescimento da economia (2,8% no primeiro trimestre), a impressionante criação de emprego (145 mil empregos criados no último ano) e a histórica redução do défice (2% em 2016) confirmam, de forma inequívoca, o acerto da política económica e orçamental do Governo. Em vez da catástrofe diabólica tantas vezes anunciada pela Direita, a tão falada “reversão” das medidas de austeridade, além de fazer justiça a muita gente e devolver rendimento às famílias, forneceu o impulso necessário para relançar a economia – e com isso ajudou a reunir as condições para que Portugal possa sair do Procedimento por Défice Excessivo. É caso para dizer: benditas reversões!
Os mais inconformados esforçam-se por tentar explicar, algo desesperadamente, que a política económica e orçamental do Governo não tem nada que ver com os resultados da economia e do orçamento – tarefa difícil, já se vê. No essencial, argumentam que o crescimento da economia é mais fruto da sorte (uma conjuntura externa favorável que puxa pelas exportações) do que da política socialista de estímulos orçamentais ao consumo. Mas o argumento não resiste a uma análise séria.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que o consumo privado desempenhou e continua a desempenhar um papel importante na dinâmica de crescimento da economia: subiu 2,3% ao longo do ano passado e continuou a crescer no primeiro trimestre deste ano, embora “desacelerando” face ao ritmo do quarto trimestre de 2016 (em que cresceu 3,1%). Assim, como sempre esteve previsto na estratégia do Governo, os diversos motores da economia – exportações, investimento, mas também o consumo – estão a dar um contributo positivo para o crescimento económico a que estamos a assistir.
Em segundo lugar, não é de todo verdade que a explicação para o crescimento da economia portuguesa se resuma à conjuntura externa, como se Portugal crescesse na mesma medida em que os outros também crescem. Pelo contrário, o que acontece é que a economia portuguesa está a crescer acima da média da Zona Euro há já três trimestres consecutivos e chegou ao ponto de crescer neste último trimestre o dobro (!) do crescimento médio dos seus parceiros europeus.
A conclusão é simples: tal como a redução do défice não foi obra de um milagre, o crescimento da economia não é fruto da sorte. É tempo, por isso, de enfrentar a realidade: este inegável sucesso do Governo significa o colapso do discurso catastrofista da Direita e de toda a estratégia de Oposição desenhada por Passos Coelho. A verdade é esta e é fatal: Passos apostou tudo na crise, e perdeu. É por isso que está perdido.
Artigo publicado no Jornal de Notícias