Ao alcançar em 2016 um défice de 2,1% – o défice mais baixo dos últimos 40 anos – e ao cumprir folgadamente as metas fixadas por Bruxelas, Mário Centeno arrasou e conseguiu conquistar, logo à primeira, um lugar de destaque na história das finanças públicas portuguesas. A verdade é esta: muitos falam, bastantes tentaram, mas ninguém fez melhor do que ele. Nunca.
Este resultado, em si mesmo extraordinário, é ainda mais impressionante, nunca é demais lembrá-lo, porque acontece ao mesmo tempo que o Governo teve a ousadia de “virar a página da austeridade” e cumprir a promessa de devolver rendimentos às famílias, aumentando os salários, as pensões e as prestações sociais.
Ao conseguir o que tantos diziam impossível, o Governo socialista e a maioria de Esquerda – que no Parlamento, com elevado sentido de responsabilidade, aprovou o Orçamento que permitiu estes resultados – provaram que há uma alternativa viável à política de austeridade, mesmo cumprindo as exigentes – e em boa medida absurdas – regras do euro.
Vencidos, clamorosamente vencidos, ficam naturalmente todos aqueles que durante um ano inteiro não se cansaram de pressagiar os desastres mais diabólicos ao virar de cada esquina e ainda hoje, contra toda a evidência, resistem a reconhecer a realidade óbvia dos números. Sabemos quem são e pouco podemos fazer por eles.
Mais importante, porém, do que os vencidos são os convencidos: aqueles que, tendo tido inicialmente dúvidas quanto à estratégia económica e orçamental do Governo socialista, não recusam agora, diante dos resultados, reconhecer o sucesso do programa político de António Costa. São esses agora convencidos que, se for honrada a palavra dada, decidirão muito em breve livrar Portugal do procedimento por défice excessivo. E ao fazê-lo reconhecerão finalmente, diante da Europa inteira, uma verdade fundamental: uma alternativa política é possível no quadro do euro.
Artigo publicado no Jornal de Notícias