O mandato do Parlamento Europeu que agora termina foi marcado por enormes desafios: Brexit; pandemia; planos de investimento para a recuperação da economia, com mutualização da dívida; negociação do Quadro Financeiro Plurianual; guerra na Ucrânia; crise energética e espiral inflacionista; revisão das regras de governação económica; drama dos refugiados e política de imigração; emergência climática e discussão sobre o alargamento – para só destacar alguns dos temas mais importantes. De um modo geral, pode dizer-se que a União Europeia aprendeu com os erros da resposta à crise financeira e esteve mais à altura das circunstâncias na resposta às crises dos últimos anos. Mais, respondeu sempre melhor quando agiu de forma unida e solidária (como perante o Brexit, a pandemia e a Guerra) e menos bem quando se deixou tolher pelos egoísmos e pressões nacionais (como em certos aspetos do Pacto sobre Migração e Asilo ou quando aceitou recuar nas medidas contra as alterações climáticas).
Orgulho-me de, como membro do Grupo dos Socialistas e Democratas (S&D), ter estado do lado certo desses combates em defesa de uma Europa mais justa.
No plano pessoal, este meu segundo mandato como eurodeputado ficou marcado pela minha eleição, e depois reeleição, como Vice-Presidente do Parlamento Europeu. O facto de ter sido eleito em plenário, por voto secreto, para a posição de 2º Vice-Presidente – a mais elevada na hierarquia do Parlamento jamais exercida por um português desde a adesão de Portugal – foi um claro reconhecimento pessoal e político, que muito me honra e, creio, prestigiou o País. Para esse resultado contou o trabalho efetuado ainda durante o primeiro mandato, em temas sensíveis como o Brexit e a recomposição do Parlamento depois da saída do Reino Unido, bem como enquanto relator do acordo comercial entre a União Europeia e o Japão.
Ao longo do segundo mandato, além das minhas funções como Vice-Presidente (em que foi necessário manter o Parlamento plenamente operacional apesar das restrições da pandemia), tive a meu cargo várias importantes tarefas políticas, de que destaco o meu relatório sobre a implementação do Acordo do Brexit, a posição de relator do Grupo S&D para o acordo comercial entre a União Europeia e a Nova Zelândia (o mais progressista de sempre), a luta na Comissão de Economia contra o aumento excessivo dos juros por parte do BCE, a participação na Conferência para o Futuro da Europa e, finalmente, o meu relatório sobre o Alargamento, em que, pela primeira vez, se enunciaram as reformas institucionais e financeiras que a própria União Europeia tem de fazer para estar em condições de absorver novos Estados-membros.
Todo este trabalho político teve como consequência ser apontado, em todos os “rankings”, como um dos eurodeputados mais influentes de entre os 705 do Parlamento (18º no EU Matrix Influence Index de 2024; 16º no BCW Influence Index de 2023 e 15º no Vote Watch Europe de 2021). Vale o que vale.
Por tudo isto, deixo o Parlamento Europeu com a consciência de ter honrado o mandato que democraticamente me foi confiado pelos meus concidadãos. E com a satisfação de, ao serviço do PS, ter servido também os interesses de Portugal e do projeto europeu.